junho 22, 2008

Solilóquios da Vulva

Esta artigalhada pretende denunciar diversas fraudes ocorridas no passado recente. Uma das mais desapontantes surpresas na vida do autor foi a apresentação de Os Monólogos da Vagina no Casino Estoril. Um indivíduo agrupa um grupo de elementos do sexo masculino, pratica uma bárbara refeição e desloca-se ao teatro. Aquando da chegada, depara-se com uma burla qualificada: o espectáculo consiste numa actriz a declamar textos com a boca. Balde de água fria. Afinal, tratava-se de uma peça de teatro da autoria de Eve Ensler. Se, por um lado, fizeram constar ao autor que existiam "atletas vaginais" de todas as estirpes a circular pela Internet, sempre permaneceram dúvidas acerca da capacidade desse órgão na articulação de um discurso coerente. Expelir bolas de ténis de mesa (e não do popularucho pingue-pongue), engolir tacos de basebol ou emanar flatulência, tudo bem. Agora, falar? E pior, já não basta uma mulher falar com a boca, ainda se encontraria dotada de uma espécie de boca secundária. As admoestações bucais não serão suficientes, têm que ser reforçadas pela vagina? Transformar uma área nobre das mulheres numa vulgar fonte de fofoca e coscuvilhice? A ideia não é, contudo, nova. Já Denis Diderot redigiu o romance Les bijoux indiscrets (anonimamente publicado em 1748) focando esse assunto. Revoltante é a publicidade enganosa em torno de Os Monólogos da Vagina. Quantos espectadores terão sido ludibriados por esta falsidade? Mais ou menos que os que pagaram o seu ingresso para assistir a Aniki Bobó e verificaram, já com a porta fechada e encurralados pelo breu da sala, que Anikis há muitos, mas Bobós nem vê-los! Pior que isso, só aquando da deslocação realizada especificamente para assistir a Pinóquio e o Grelo Falante. A subsequente constatação da existência de uma gralha tipográfica fez desmoronar todos as expectativas criadas em torno do espectáculo. Na assistência, encontrava-se uma quantidade enorme de crianças dispersa em molhos de brócolos e alguns adultos que, claramente, foram levados ao engano pelo mesma razão que o autor. Mais literacia e menos aldrúbias, se faz favor!


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