agosto 19, 2008

Saloios

"Isto é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, factos e situações reais é pura coincidência." 

Chamemos-lhe O Retiro do Pescador, mais conhecido por Joca. Sito na Praceta 28 de Maio de uma localidade que pareceria extraída da Quinta Dimensão, se apenas fosse um pouco mais normal. O Joca tem laborado oficiosamente enquanto uma espécie de Consulado Brasileiro para Alcoólicos. Na opinião altamente fundamentada e moderadamente xenófoba de Moita Flores, uma concentração de potenciais criminosos sanguinários que aguardam apenas a oportunidade para entrar na rotina homicida que mantinham no país de origem. Uma espécie de amok restituinte da primordialidade criminosa endémica à raça brasileira, equivalente à libertação do UrschreiTodavia, o Joca era um espaço acolhedor há uns anos, em especial no que toca aos emolumentos necessários à prática dos matraquilhos. Infelizmente, a mesa assemelhava-se à actual Ossétia, dado o relevo e orografia do território após os recentes bombardeamentos do czar. Numa tarde acolhedora de Primavera, uns marmelos entraram no estabelecimento "hoteleiro" e requisitaram açúcar, de forma a cozerem e produzir marmelada. Este trocadilho com o significado duplo da expressão "marmelo" foi mesmo inevitável. Sempre que o presente autor ouve essa locução imagina um aglomerado de marmelos a passear e falar entre eles. A imagem é divertida. O trocadilho, não. Os marmelos entraram e inquiriram: "-Ó chefe, tem Gorilas de morango?". Ao que o proprietário retrucou imediatamente do alto das suas canadianas: "-Chefe? Chefe é pós saloios!". Nesse momento, os jovens clientes agarraram o seu varapau ferrado (que utilizam para varrer o terrado das feiras onde vendem as hortaliças de produção artesanal) e o barrete preto, retirando-se com pesar após tão grave insulto. Ó Joca, chamar saloios aos rapazes? Manca-te, caralho!


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