maio 03, 2009

Uma saída nocturna com o amigo S.

O facto deste redactor designar uma pessoa por "amigo S." não se encontra directamente associado à leitura de O processo, da autoria de Franz Kafka. Enquadra-se exclusivamente numa estratégia de protecção de dados individuais semelhante à empreendida pela TVI durante o pico do processo Casa Pia, no qual um intrincado e desenvolvido sistema de distorção de voz e imagem dissolvia a identidade dos entrevistados, de tal forma que até os arguidos poderiam, eventualmente, realizar declarações comprometedoras contra si próprios sem levantar qualquer tipo de questão. Numa tarde de Verão, S. e este infeliz estenógrafo fizeram parte da assistência de um evento musical. Após uma rápida refeição numa praça de alimentação de um espaço comercial, no qual S. tentou engatar empregadas de uma célebre cadeia de fast-food, (cuja beleza seria apenas detectável por pessoas como o vice-presidente da ACAPO), assistiu-se à função. Posteriormente, dirigimo-nos para uma zona residencial da capital, onde poderíamos "engatar betinhas" (citando S.). Chegados a esse local por volta da 1:30 da madrugada, o presente contador tentou dissimular-se na penumbra, intento gorado. Nesse momento, um dirigente de uma importante associação profissional portuguesa encontrava-se a sair do seu BMW. S. dirigiu-se para ele, cumprimentando-o calorosamente e estendendo-lhe a mão de forma amigável. É necessário frisar que S. padece de um severo distúrbio de personalidade (clinicamente designado por Transtorno de Personalidade Histriónica) associado à megalomania. Logo, destrinçando alguém que aparece nos media, a sua tendência natural é, obviamente, saudá-lo como se de um amigo de infância se tratasse (um pouco na esteira do Emplastro, embora com menor grau de lucidez). Escusado será dizer, o senhor ia-se borrando de medo quando abordado de forma afável e ruidosa por um perfect stranger. S. facilmente detectou um elo de ligação com o seu interlocutor (o qual, na óptica deste recontador, seria extremamente oblíquo mas que, na lógica de S., propiciava um elevado grau de intimidade) e entabulou uma conversa bizarra com a desprecavida individualidade. Após alguns momentos, S. deu o diálogo por concluído e dirigiu-se para um café com ar de marroquino de fancaria onde, supostamente, iriam as "betinhas boazonas de Telheiras". De forma a contextualizar este passo, é necessário compreender que o habitat natural de S. é o do café, onde desenvolvem a sua actividade laboral pessoas que, devido à sua profissão, se encontram forçadas a dispensar-lhe alguma da sua atenção. Paralelamente, a qualidade dos cafés é o principal índice na avaliação de qualquer localidade por parte de S.. Em vez do PIB, teríamos o ICFPH (Índice de Cafés Fixes por Habitante) e assim Guterres nunca teria sido caçado em tal embaraçante figura pelos media. Voltando à vaca fria (a qual, neste caso, é um pervertido cheio de tesão que, provavelmente devido à sua capacidade de cativar pessoas, deve ser afligido por um mal crónico paralelo ao "cotovelo do tenista", o chamado "pulso do punheteiro"), após aquilo a que esta testemunha ocular designaria por tentativas de estabelecer romance a la Rudolfo Valentino de araque, o jagodes desistiu e decidiu regressar a casa. Fazer o quê, ninguém sabe, mas existem fortes suspeitas...

Sem comentários: