julho 30, 2008

Soneto III

A certa moça, chamando velho ao autor, que ainda se não tinha por tal

Não te escondo a guedelha encanecida,
Nem da rugosa fronte a cor já baça;
Conheço que o meu lustre, a minha graça
Foi por duros Janeiros destruída:

Confesso, ainda que é iá bem conhecida,
Que a idade minha dos cinquenta passa;
Mas juro que ainda tenho grossa maça,
Qual teso mastaréu a pino erguida:

Se és hidrópica mestra fodedora,
Daquelas que procuram com trabalho
Lanzuda porra, porra aterradora:

Minhas cãs não te sirvam de espantalho;
Põe à prova o teu cono, e sem demora
Verás então se é velho o meu caralho.

António Lobo de Carvalho (Poesias joviaes e satyricas: colligidas e pela primeira vez impressas, Cadix, 1852)

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