julho 04, 2008

Saída nocturna

Esta historinha ocorreu numa cidade raiana não identificada, dada a conhecer por Paco Bandeira e pelas ameixas. Um senhor contínuo (actualmente promovido a Auxiliar de Acção Educativa), bastante reconhecido pela sua polidez e temperança, decidiu sair para a noite. A modorra e o tédio colavam-se-lhe ao corpo e espírito como película aderente. Encharcou-se em Old Spice e dirigiu a sua Zundapp para a cidadela-fortaleza. Entrado no dédalo urbano, inicia a busca de um passatempo nocturno. Absolutamente desprevenido, encontra uma peregrina da calçada, no seu vaivém pelo passeio. Entabula uma conversa casual e desinteressada, onde expõe os seus almejos de diversão, contanto que seja na rua, pois não dispõe de um fundo de maneio que lhe permita suportar estadias (mesmo que horárias). Discutiu com ela os serviços e os emolumentos correspondentes, tendo principiado a transacção. A meretiz transitou, à velocidade da queda, de peregrina a pé a peregrina de joelhos, esforçando-se para cumprir o contrato outorgado. Tarefa ingrata, viver de joelhos e com uma pila a tresandar de Old Spice na boca. Ao menos, um Calvin Klein ou Hugo Boss, que sempre demonstram alguma classe, apesar do ardor que causam na glande. Um pormenor quase insignificante maliciosamente ocultado pelo narrador até este ponto, mas do qual depende o desenrolar da acção dramática: a senhora padecia de uma enfermidade designada por epilepsia. No mais imprevenido dos momentos possíveis, iniciou-se o ataque e a doente ferrou com uma enérgica trinca o membro viril do supra-citado contínuo. Tal como certas raças de caninos, a prostituta mordeu e não largou. Este facto serve para ilustrar que, tal como os cães, algumas mulheres deveriam ser incluídas na lista de animais perigosos. O senhor ficou de tal forma agarrado à dentição da propiciadora de um prazer masoquista que urrou e uivou uma quantidade infindável de imprecações. A fornecedora de serviços encontrava-se de tal modo presa à fragância do Old Spice peniano que, no esforço do desabrochar (ou seja, libertar o utente da dentária ratoeira), foi necessário arremessar um rombo calhau da calçada bem na pinha da enferma. Caro leitor, esta narração encontra aqui o seu término. Contudo, presuma que o final não terá sido: e viveram felizes para sempre...

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