Este reconto encontra habitáculo numa terreola que se tem afirmado enquanto genuíno burrié no nariz do globo terrestre. Duas mulheres, claramente mãe e filha, entraram numa loja conhecida pelos seus mamarrachos de distintíssimo requinte, ao gosto das mais prestigiadas leitoras da Nova Gente pululantes em todo o Portugal rural. Interrogam a funcionária sobre a possibilidade de encetar uma lista de casamento nesse estabelecimento. À resposta afirmativa, explicam que se destina à irmã da adolescente presente, que se iria unir pelos nós de correr do santo matrimónio. Transcorridos alguns minutos na selecção de itens a integrar a lista, a funcionária (criaturinha obcecada pela respeitabilidade, dado que a remete, infalivelmente, para os estratos populacionais cuja dimensão dos sonhos se apresenta na razão inversa ao rendimento e ao QI) atirou a seguinte pergunta à jovem fêmea: "-E tu, não gostavas de te casar?". Pausa longa. A rapariga transmuta-se nesse momento, como se um espírito malino a possuísse ou as línguas de fogo pentecostais se apropriassem do aparelho fonador. "Et apparuerunt illis dispertitae linguae tamquam ignis, seditque supra singulos eorum; et repleti sunt omnes Spiritu Sancto et coeperunt loqui aliis linguis, prout Spiritus dabat eloqui illis." (Actus Apostolorum, 2: 3-4). Alterando a tessitura vocal, a núbil adolescente replica, de forma a enfatizar a sua candura: "-Eu quero é pichota! Eu quero é foder!". Seguiu-se um momento de silêncio, em que o êxtase contemplativo da funcionária se fixou e substanciou nas suas fuças muares. Todo o universo pequeno-burguês se desmoronou num ápice, como se as trombetas de Josué soassem às muralhas de Jericó. A rapariga expôs o interesse em ser penetrada nas entranhas repetida e ferozmente, como se a sua cona fosse o túnel do Rossio. É caso para dizer que nem um valente carregamento de Lauroderme (passe a referência publicitária) reduziria os efeitos da assadura resultante de tão arreigado desejo. Pelos vistos, a inocente adolescente queria ser mais montada que os póneis da Feira Popular. Por favor, não matem os sonhos da juventude!
julho 08, 2008
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