julho 20, 2008

Aveiro

Mais um prospecto turístico ao melhor estilo do Portugal dos Pequenitos. Aveiro, 2006. A Veneza portuguesa, de acordo com a abalizada opinião das mesmas alimárias jornalísticas que compararam a Quinta da Fonte a Beirute. Realmente, um espectáculo diário de rockets nas embaixadas é o equivalente a ciganos bêbedos (e, pelos vistos, vesgos) a disparar caçadeiras. O meu senhorio apresentava-se num imaculado uniforme de gala: boné, bigode, camisa aos quadrados e slips. De destacar que o boné, bigode e camisa aos quadrados parecem constituir os elementos básicos do fardamento de alcoólicos de meia-idade. Quanto aos slips, este autor não se pronuncia, mas presume que seja uma forma de representação de autoridade do género: "-Tenho uma piça tão grande que o melhor é nem usar calças de forma a incutir respeito ao próximo". O simpático senhor cedo desfiou o interminável e entediante rosário respeitante à senhora sua ex: "-Ela está a querer foder-me, não é?" empregando a entoação de um dos malandros lisboetas que servem à mesa nas tascas da Baixa. Jardineiro de profissão, incompatibilizámo-nos aquando da peregrina e brilhante ideia, exclusivamente proveniente daquele sensibilíssimo intelecto, de realizar uma queimada no jardim às seis da manhã de um dia de Julho. O que induz um cabrão do caralho, filho da puta e brochista a incendiar um molho de erva verde (!!!) àquelas matutinas horas? Gostaria de o perceber. E a quantidade de fumarada que a pseudo-fogueira deita? Parecia um concerto dos Grateful Dead no pico da carreira. Após estacionar a gôndola, sentei-me na Praça de S. Marcos a comer gelado, ocupação sobejamente apreciada pela população aveirense. Acerca dos excelentes ovos moles que se servem em Veneza (na Confeitaria Peixinho, passe a viva recomendação para a sua frequência), esgalharei outra croniqueta no mesmo tom desta merda e na altura devida. Realmente, uma esplanada, um bom gelado e um gondoleiro a cantar canções napolitanas tornam Aveiro um dos locais mais aprazíveis deste jardim à beira-mar plantado. Só temos pena de viver no esterco adjacente à área ajardinada.


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