Não, caro leitor (no singular, claro está). Este artigo não se focará na selvajaria exercida por Josef Fritzl na sua própria família. Se, por um lado, o homem queria apurar a raça Fritzl pela forma mais extrema de endogamia, incesto e sequestro não são práticas toleráveis num estado que já nos doou alguns dos maiores democratas da História (Klemens Wenzel von Metternich, Arnold Alois Schwarzenegger, para não mencionar Adolf Hitler) O incesto, prática reiterada pelo sequestrador foi tema de diversos trabalhos académicos. Sigmund Freud (outro austríaco famoso) editou a sua obra Totem und Tabu: Einige Übereinstimmungen im Seelenleben der Wilden und der Neurotiker (Leipzig/Wien, Hugo Heller, 1913), o que demonstra o interesse dos naturais desse território nessas práticas. Posteriormente, o antropólogo Claude Lévi-Strauss (empresário têxtil nas horas vagas, especializado em gangas), publicou Les Structures élémentaires de la parenté (Paris, Presses Universitaires de France, 1949), estudo central nas estruturas de parentesco, apontando a proibição do incesto como potenciador de alianças dentro das comunidades. Aparte dessas teorias, Fritzl procurava realizar em três gerações aquilo que a dinastia de Bragança teve 300 anos para conseguir: produzir um D. Duarte. A consanguinidade é uma coisa lixada. Contudo, a magnífica capacidade técnica de Fritzl, um verdadeiro pináculo da techne, poderia ter sido aproveitada em Portugal. Numa cave escura de uma chafarica da periferia, reunia-se regularmente um grupo de amigos para as maratonas alcoólicas e para discutir de forma aberta e sem complexos "se o rabo daquela era melhor que o rabo da outra". Escusado será avançar que estas não pertenciam ao grupo e seus namorados encontravam-se presentes manifestando um semblante carregado e repleto de perplexidade. A partir de determinada altura, alguém decidiu instalar um acordeão de botões numa mesa (sim, leram bem, um acordeão de mesa) e um camarada passava lá as noites a entreter as massas com musiquinhas de baile. No fundo, era um acordeonista algo descaído que chagava a malta até à exaustão. Por isso, senhor Fritzl, insonorize só mais uma cave antes de ir tomar duche com os seus novos amigos do sabonete.
agosto 26, 2008
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