setembro 04, 2008

Pensos Romenos, s.f.f.

Todos tivemos momentos em que nos cruzámos com simpáticos cidadãos oriundos das nações dos Cárpatos que comerciavam objectos do dia-a-dia. Quer seja o Borda d'Água, a Cais ou pensos rápidos, dificilmente cruzamos uma artéria citadina sem que nos seja proposta a aquisição desses bens essenciais. A referência à Roménia neste caso é explícita e não aponta para qualquer tipo de xenofobia. Ao contrário dos mais destacados intelectuais de esquerda, este autor não tem quaisquer pruridos em referir o país de origem desses indivíduos. Aliás, a omissão desse factor aponta para uma falsa consciência acerca do mesmo. Recusar a designação "romenos" àqueles indivíduos é expurgar-lhes parte da sua identidade. Seria como referir-me a Alberto João Jardim sem destacar o seu refinadíssimo sentido de humor e a boa educação. Um verdadeiro sacrilégio na sacristia da política internacional entre dois estados soberanos, Portugal e a República Popular das Bananas da Madeira. Num dia solarengo e cálido, uma vendedeira de pensos (rápidos) abeirou-se de um cavalheiro numa esplanada. O distinto senhor, sobejamente conhecido pela sua prática alcoólica associada à violência doméstica (um verdadeiro marialva da "classe operária") e pelas apuradas capacidades de direcção de motorizadas indagou à pobre e olorosa rapariga quanto ela auferia diariamente. Num sotaque inconfundível de Sibiu, a ciganita respondeu que ganhava entre dez e quinze euros diários. O senhor apresentou-lhe uma delicada e altruísta proposta: "-E não queres ganhar vinte euros numa horinha?". A rapariga assentiu e ambos se deslocaram a uma casa de banho pública. Apesar de não aparentar qualquer problema de saúde, o senhor devia encontrar-se extremamente ferido. Para gastar vinte euros de pensos e o curativo se prolongar por uma hora, a ferida teria que ser, forçosamente, de grandes dimensões. Possivelmente, teria sido infligida numa rixa entre este e o portão de casa aquando do seu regresso. O marceneiro (não Alfredo) ainda hoje transita na motorizada e na bebedeira. Afinal, a imigração permitiu que se salvasse uma vida. Não são só os médicos da Europa Central e Oriental que nos podem ajudar. Às vezes, basta um penso rapidinho no sítio certo.

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