Numa ensolarada tarde, um grupo de jovens (não confundir, por favor, com Escuteiros ou aglomerados de cariz paroquiano) encontrava-se a demonstrar as suas destrezas musicais a la intervalo de liceu, sentado nos confortáveis bancos de uma praça pública. Sorrateiramente, aproximou-se um camarada que logo pegou na guitarra e, dedilhando as suas cordas, inquiriu: "-Qual é que é o tom?" Silêncio gélido...O senhor repete o acorde e volta a perguntar: "-Qual é que é o tom?" Nesse momento, alguns dos mais musicalmente dotados (pelo menos de acordo com as suas próprias cabeças, as quais seriam muito úteis para pregar pregos, mas não para a capacidade alargadamente designada por raciocínio) tentam adivinhar e não acertam. O avaliador retruca: "-Então vocês andam aí a tocar e não sabem nada?" É preciso ter bem presente que os "guitarristas" ou guitarreiros encetaram um aturado processo de formação com o cura de aldeia, indivíduo mais interessado em política e em desempenhar a árdua função de capelão da família aristocrática do burgo do que em realizar um efectivo trabalho com as comunidades locais. Essa "escola" permitiu aos "músicos" dominar uma panóplia de cerca de seis acordes, os quais repetem até à actualidade (e exaustão), passados cerca de 15 anos. Contudo, poderão argumentar que, dados os requisitos musicais do repertório interpretado, não sentiram necessidade de acrescentar os conteúdos transmitidos, por via oral, pelo padreca. É fascinante como indivíduos que acabaram o liceu há mais de 10 anos não consideram ridículo "interpretar" e "compor" ao melhor estilo Mafalda Veiga. Aqui abro uma excepção para João Pedro Pais que, apesar de ter terminado a Casa Pia na equipa de luta greco-romana e sem ter que recorrer a fraldas (tarefa duplamente difícil, visto que dois homens musculados e suados vestidos de maillot a agarrarem-se selvaticamente numa instituição que albergava práticas pedófilas homossexuais permanece a este autor uma actividade suscitadora de suspeitas) tem uma estatura física de um aluno de liceu. Valha aos "guitarristas" a surdez colectiva e congénita dos co-habitantes da vilória, que os apoiam no matter what. No fundo, o interprelador encontrava-se coberto de razão ao afirmar que eles não tocavam um caralho. Contudo, por várias madrugadas uma maldição abateu-se sobre a sua casa e, misteriosamente, o seu sino/campainha repicava fortemente como que a perguntar: "-Ó Pá...qual é que é o tom?"
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2 comentários:
it brought a tear into my eyes :~)
Não é assim tão nostálgico...
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